Sinopse
No século XVII, duas mulheres deixaram o seu rasto na história da cidade de Luanda. À sua volta teria gravitado um sem número de indivíduos, fidalgos, traficantes, degredados, escravos e libertos. Uns, foram personagens marcantes do seu tempo, outros, simplesmente anónimos no papel de figurantes, todos eles se fazendo parte de um específico contexto historiográfico da colónia angolana. Se existiram realmente ou se foram, apenas, o retrato fugaz de uma época, não há certezas, embora tenham perdurado de alguns vestígios de memórias escritas.» Através do retrato de Maria Ortega e Anna de São Miguel, a autora leva-nos até Luanda do século XVII, de encontro ao percurso, queda e ascensão dos escravos e exilados do reino português. Cruzando a História com um ritmo narrativo forte e surpreendente, Loanda é ainda marcada pelo tom biográfico de personagens que deixaram a sua marca naquele território.
Opinião
Adorei o livro. As protagonistas não podiam ser mais diferentes mesmo assim conseguiram tornar-se grandes mulheres e conquistar um lugar dominado pelos homens.
Primeiro é-nos apresentada Maria Ortega uma ex-escrava ou uma escrava alforriada que em Portugal é condenada pelo Santo Oficio (Inquisição) ao degredo em Loanda (pelo menos foi acusada de um crime que cometeu porque normalmente eram inocentes). Mas Maria sempre quis uma vida melhor. Depois temos Anna de São Miguel uma rapariga rica, fútil mas que enfrenta a sociedade e todos os seus costumes. Anda a cavalo e adora roubar os pretendentes das outras moças apenas para se divertir.
Eu gosto quando são personagens femininas fortes e sabem o que querem. Apesar de Anna, no inicio não ser assim, com o passar dos anos torna-se numa mulher altruísta e de bom carácter. Anna é capaz de tudo, pondo em risco a própria vida, para seguir o seu projeto.
Mas nem tudo é bom. Existem algumas coisas no livro que “caíram mal”. Houve 2 palavras que a autora decidiu utilizar e não me agradou. Chocou-me que uma das personagens tenha utilizado as palavras maricas e enrabado. Estas palavras foram utilizadas porque existe uma personagem que é homossexual assumido e embora eu ache que naquele tempo (mil seiscentos e tal) existissem homossexuais, também acho que esse facto era bem escondido.
Depois encontrei algumas inconsistências na narrativa. Infelizmente acontece em todos os livros onde 2 personagens narram o mesmo acontecimento. Eu compreendo que se a segunda personagem utilizar as mesmas falas e não acrescentar nada é chato mas eu acho estranho que na primeira versão seja dito uma coisa e na segunda versão, normalmente sejam acrescentadas palavras nas falas. Digo isto, porque eu vou atrás ver o que foi dito primeiro e para minha desilusão as falas nunca são iguais. Estão a compreender? E este não foi a única inconsistência. Noutro momento Maria diz que não contou a Anna qual o motivo porque foi para o degredo e na versão de Anna a amiga contou e até pediu a Maria para utilizar alguns dos seus dons..
Tirando estes pequenos problemas gostei muito do livro e estou cada vez mais a adorar romances históricos.
Outra coisa que também gostei muito foi da capa: acho-a linda.
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Classificação: Muito Bom |